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Datação dos Ciclos Econômicos no Município do Rio

 

Marcel Grillo Balassiano¹

Juliana Carvalho da Cunha Trece²

Marcus Gerardus Lavagnole Nascimento³

Maíra Albuquerque Penna Franca⁴

¹ Subsecretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação do Rio de Janeiro (SMDEIS/SUBDEI) e pesquisador-licenciado do FGV IBRE;

² Pesquisadora do FGV IBRE;

³ Diretor do Escritório de Monitoramento e Processamento de Dados da SMDEIS/SUBDEI;

⁴ Diretora do Escritório de Política Econômica da SMDEIS/SUBDEI.

* Os autores agradecem o apoio do ex-Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação do Rio de Janeiro, Chicão Bulhões, e do Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação do Rio de Janeiro, Thiago Dias, bem como do Prefeito Eduardo Paes, pelo incentivo aos estudos sobre a economia carioca, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS), para poder subsidiar a elaboração de políticas públicas e as decisões da alta gestão da Prefeitura do Rio, baseadas em dados. Eventuais erros e omissões são de responsabilidade dos autores.

Resumo: O objetivo é datar, por meio do algoritmo Mönch-Uhlig (2005), os ciclos de expansão e recessão da atividade econômica do Município do Rio de Janeiro, entre 2011 e 2021, segundo os dados do Indicador de Atividade Econômica do Rio (IAE-Rio / SMDEIS).

  1. Introdução

Um dos principais focos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS) do Rio de Janeiro, por meio da Subsecretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação (SUBDEI), é realizar estudos sobre a economia carioca, para poder subsidiar as decisões de políticas públicas da alta gestão, baseadas em dados e evidências empíricas. Mensalmente é divulgado o Boletim Econômico do Rio, que conta com seções sobre atividade econômica, inflação e mercado de trabalho do Rio. Uma das principais dificuldades de se analisar dados econômicos no nível regional, principalmente municipal, é a falta de dados. Para suprir essa lacuna, a SMDEIS elaborou o Indicador de Atividade Econômica do Rio (IAE-Rio),1 para acompanhar mensalmente a evolução da economia carioca, principalmente o setor de serviços; este setor, incluindo o comércio, representa 86% da economia do Rio, e é o segmento que mais emprega a população carioca.

De acordo com Cunha (2017, p. 8), “o estudo dos ciclos econômicos é de extrema importância na análise macroeconômica de um país, já que auxilia na tomada de decisão dos agentes políticos no que tange incentivar períodos de expansão e mitigar períodos recessivos. Compreender como os ciclos são formados e como os componentes da atividade econômica reagem a cada momento permite o direcionamento de políticas públicas com vistas a melhorar o desempenho econômico de um país”. Ainda para a autora, “a maior barreira no estudo dos ciclos econômicos é o conjunto de informações a ser utilizado uma vez que, em geral, não há disponibilidade de informações em alta frequência e em uma série de tempo longa. Quanto mais extensa a série temporal analisada, melhor a compreensão dos ciclos econômicos e, quanto maior a frequência dos dados, maior a precisão das datações”.

Nesse contexto, o objetivo principal deste artigo é datar os ciclos de expansão e recessão da atividade econômica do Município do Rio de Janeiro, segundo os dados do IAE-Rio, cuja série histórica tem início em janeiro de 2011 e está atualizada até dezembro de 2021. A datação dos ciclos econômicos é feita segundo o algoritmo Mönch-Uhlig (2005).

Este artigo está dividido em quatro seções, incluindo esta introdução. A segunda seção é sobre a metodologia de datação dos ciclos econômicos, segundo o algoritmo Mönch-Uhlig (2005). A terceira seção apresenta a datação dos ciclos econômicos no Município do Rio de Janeiro, entre janeiro de 2011 e dezembro de 2021. Por fim, a última seção resume as principais conclusões.

2. Metodologia da Datação dos Ciclos Econômicos

De acordo com Cunha (2017, p. 33), “o algoritmo de Bry-Boschan (1971) foi criado pelo NBER com intuito de reproduzir matematicamente a lógica de datação do comitê nos pontos de inflexão identificados para a economia norte-americana antes de 1971. A escolha por esse algoritmo deve-se ao papel de destaque nas datações oficiais dos ciclos brasileiros realizadas trimestralmente pelo CODACE”. Ainda para a autora, “o objetivo do algoritmo de Bry-Boschan é determinar os pontos de inflexão apontados nas séries encadeadas já ajustadas sazonalmente. Estes pontos são os picos (máximos locais) e os vales (mínimos locais) que permitem determinar períodos de expansão e recessão de uma economia. São caracterizados como períodos de expansão os que vão do período imediatamente posterior ao vale até um pico e os de recessão os que vão do período imediatamente posterior ao pico até um vale. Os ciclos de negócios são formados de um pico a pico ou de um vale a vale, onde as duas fases (expansão e recessão) estão determinadas”.2

Para a datação mensal, como o algoritmo mais utilizado pelo CODACE é o Mönch-Uhlig (2005), neste trabalho também se optou por utilizar este algoritmo nesta frequência, assim como foi utilizado em Cunha (2017). O algoritmo desenvolvido por Monch-Uhlig (2005) é uma adaptação do algoritmo de Bry Boschan (1971) com critérios ampliados de maneira a excluir períodos de expansão que não sejam superiores a 21 meses e durante os quais o crescimento anualizado seja inferior a 1,5%.

3. Datação dos Ciclos Econômicos no Município Do Rio De Janeiro (Jan/2011 – Dez/2021)

Na presente seção, há a datação dos ciclos econômicos para o Município do Rio de Janeiro, com dados do Indicador de Atividade Econômica do Rio (IAE-Rio), calculados pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS) do Rio de Janeiro, desde janeiro de 2011 até dezembro de 2021, segundo o algoritmo Mönch-Uhlig (2005), conforme descrito na Seção 2 deste artigo.

O Gráfico 1 mostra o nível da atividade econômica do Município do Rio de Janeiro, com dados do IAE-Rio e os períodos recessivos. Nesses 11 anos (entre janeiro de 2011 e dezembro de 2021), em 37,9% dos meses (50 em 132) os ciclos foram de recessão, e em 62,1% dos meses (82 de 132) os ciclos foram de expansão. Foram datadas, pelo algoritmo Mönch-Uhlig (2005), duas recessões nesse período no Município do Rio de Janeiro.

Interface gráfica do usuário, Gráfico  Descrição gerada automaticamente

E a Tabela 1 mostra as datas (nos meses) em que ocorreram os picos e vales dos ciclos econômicos do Município do Rio de Janeiro, com dados do IAE-Rio, bem como a quantidade de meses de recessão ou expansão, e a magnitude de crescimento (positivo, nos ciclos de expansão; e negativo, nos períodos recessivos). Segundo esses dados, em média, nos três períodos de expansão da economia (82 meses), o crescimento médio acumulado da atividade econômica foi de 13,2% por ciclo. Já nos dois períodos de recessão (50 meses), o recuo médio acumulado foi de 16,2% por ciclo.

4. Conclusão

Em resumo, segundo essa datação, em média, nos três períodos de expansão da economia carioca (82 meses), o crescimento médio acumulado da atividade econômica foi de 13,2% por ciclo. Já nos dois períodos de recessão (50 meses), o recuo médio acumulado foi de 16,2% por ciclo.

5. Referências Bibliográficas

Bulhões, C.; Balassiano, M. G.; Gerardus, M. (2021). “Indicador de Atividade Econômica do Rio em alta”, Blog do IBRE.

Bry, G.; Boschan, C. (1971). “Cyclical Analysis of Time Series: Selected Procedures and Computer Programs”. National Bureau of Economic Research.

CODACE (2020) – Comitê de Datação de Ciclos Econômicos.

CODACE (2017) – Comitê de Datação de Ciclos Econômicos.

Cunha, Juliana Carvalho da (2017). “Construção de Indicador Mensal de PIB e Componentes para Datação de Ciclos Econômicos: uma Análise de Janeiro de 1980 a Setembro de 2016”, Dissertação do Mestrado em Finanças em Economia Empresarial, FGV EPGE.

Mönch, E.; Uhlig (2005), “Towards a Monthly Business Cycle Chronology for the Euro Area”, Journal of Business Cycle Measurement and Analysis, Vol. 2005/1.

SMDEIS (2021), Boletim Econômico do Rio. Disponível em: observatorioeconomico.rio

SMDEIS (2021a), “Metodologia do Indicador de Atividade Econômica do Rio (IAE-Rio)”, Estudo Especial no 2. Disponível em: observatorioeconomico.rio

SMDEIS (2022), “Metodologia do Indicador de Atividade Econômica do Rio (IAE-Rio): Atualização 2022”, Estudo Especial no 6. Disponível em: observatorioeconomico.rio

Notas de Rodapé:

1. Sobre o IAE-Rio, ver também Bulhões, Balassiano e Gerardus (2021). A atividade econômica municipal é acompanhada regularmente pelo PIB municipal, divulgado pelo IBGE., mas com 2 anos de defasagem; a última informação disponível é de 2019. Com isso, a equipe econômica da SMDEIS elaborou um modelo para estimar os dados do PIB do Rio dos últimos anos, e realizar projeções para os próximos anos. Na linha de realizar diagnósticos sobre diversos temas da economia carioca, a SMDEIS realizou um estudo sobre “Mulheres negras, mercado de trabalho e pandemia no município do Rio de Janeiro”, cujo objetivo é auxiliar na elaboração de políticas públicas baseados nesses dados.

2. Para a determinação de picos e vales, o algoritmo original subdivide-se em seis etapas, segundo documento elaborado por Campelo Jr. e Issler, citado por Cunha (2017).

 

Acesse o documento completo no link: Coletânea Pró-Rio

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